quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Capítulo X/ Descobrir que somente eu movimentava a relação!

Estou enfrentando muitas dificuldades com Remo. Levei o assunto para analise e a descoberta me deixou perplexa... "eu sempre facilitei as coisas" , só que eu não tinha a menor idéia disso. Mais cedo ou mais tarde iria me deparar com essa questão, jamais poderia imaginar que eu mesma promovia os abusos na relação. Ele sempre se mostrava receptivo, quando  as coisas eram do interesse dele.
A primeira vez que percebi que algo não estava bem, foi quando eu precisei deixar de ir a um evento, que tínhamos marcado já algum tempo, para resolver uma questão de trabalho. A empresa que trabalho, nessa época, estava fazendo algumas mudanças e o meu setor estava necessitando de maior atenção. Eu, sendo a gerente, precisa estar mais presente e treinar os subordinados ao novo perfil de atividades. Eu sempre dissia sim ao Remo e esse foi o meu grande erro. As vezes me negava só para ceder as vontades dele. Mas isso, era normal para mim. Jamais poderia pensar que era um aspecto da doença emocional (co-dependência)  e que eu deixava de fazer a minha vontade e de prover as minhas necessidades para agradar o outro. Só que depois desse dia,o fato passou a  ocorrer  de forma frequente e doentia. Quando eu disse não nesse dia, em que tive que trabalhar e deixar de ir ao evento combinado...a casa caiu! Eu, pela primeira vez desconheci o Remo, parecia uma outra pessoa. Foi horrível... mas passou... e depois disso perdi as contas de quantas vezes ocorreu o mesmo fato. Na verdade eu morria de medo de contraria-lo e ele ir embora...então eu tinha que ser perfeita em tudo...tudo mesmo... era muito cansativo...
Quando juntei as minhas queixas na analise eu entendi o quanto me esforçava para que a relação funcionasse...me veio uma mistura de sentimentos que ainda vou tentar dissolver...da raiva a vergonha...ainda não consigo definir...mas uma coisa eu sei...preciso colocar as minhas necessidades em primeiro lugar! Posso amar, desejar, ser gentil, amiga, mas sempre levar em consideração as minhas necessidades. A forma como eu estava fazendo, não iria me trazer nenhum resultado positivo e duradouro. Pois, não posso negar meus desejos, responsabilidades e necessidades. Preciso estar atenta a esse aspecto da minha doença emocional...que de forma muito sutil, mesmo em recuperação, estava me levando ao fracasso no relacionamento. Quero um homem que me ame como sou. Eu sou uma mulher em "recuperação"  e esse é o meu maior tesouro!

RECUPERAÇÃO
Entendo por recuperação tudo aquilo que promove estabilidade, equilibrio, autonomia emocional e um contato consciente com Deus...e esse é o meu maior tesouro!
 

domingo, 9 de outubro de 2011

Capítulo IX/Manter um Relacionamento... ainda é um Desafio!



Não importa quanto tempo de recuperação eu tenha, o desafio ainda continua. Ainda me percebo tendo pensamentos e sentimentos que podem me levar a ter atitudes agressivas e insanas. A questão não está no tempo de analise que faço e nem tão pouco no quanto tenho me empenhado nas programações que me são sugeridas, mas sim na profundidade de minha dor emocional. Entendo que ninguém é responsável pelo que passei e pelos abusos causados  pelas insanidades de meus pais, mas acabo cobrando de quem não tem nada a ver com a situação, o pagamento daquilo que me fizeram.
As lembranças do passado, os estresses e o barulho interno ainda são presentes. Claro que melhorou bastante, hoje eu não preciso paralisar a minha vida por conta disso. Não preciso ficar isolada com medo de tudo e de todos por conta do ferimento causado na minha infância. Antes, ao menor sinal de semelhança de algum fato que me lembrasse o passado ou que trouxesse qualquer sentimento vinculado a esse passado, eu simplesmente me fechava e só Deus sabia quando eu iria retomar a minha sanidade. A questão é: qualquer pessoa próxima que me acionasse qualquer estresse do passado, simplesmente eu me afastava e era como se essa pessoa nunca tivesse tido nenhuma participação na minha vida. Eu deletava e pronto, só para não reviver nada que pudesse trazer aquela dor original.
Meus pais sempre foram pessoas difíceis. Melhor dizendo: ignorantes. Pessoas sem menor senso de valor emocional, eram ótimos em manter a casa, estimular nos estudos, valores que promovem a questão material. Mas em compensação a parte emocional ficava num nível muito baixo, eu não me lembro de nenhum gesto de carinho físico como: beijos, abraços...que tivesse praticado com meus pais. Hoje quem faz esse movimento de afeto sou eu, até mesmo por conta de ter descoberto através da recuperação emocional o lema: QUE COMECE POR MIM!  Pois, passei a aceitar que se eu esperasse deles essa atitude iria esperar até a milésima geração...rsrsrs...é...tem situação que não devo esperar nenhuma iniciativa do outro pois tá arriscado morrer e não ver nenhuma mudança ou atitude. E lembrando o seguinte: dá um trabalho danado tudo isso, é uma perda de energia...é desgastante...outra coisa que aprendi e pratico sempre que preciso: que sou uma pessoa em recuperação de minha energia, força, alegria e esperança. E que está a minha disposição sempre e que é a centelha de Deus em minha vida. É a certeza de que mereço viver o melhor, quando, com perseverança e gentileza, continuo  em minha caminhada de recuperação emocional, apenas preciso ter calma em todo o processo, principalmente quando me vejo ainda com muitas questões que tentam me paralisar.
Como estava dissendo, meus pais eram muito bons em promover necessidades materiais, mas na parte emocional eram pessoas de difícil acesso. Carinho, atenção...eram nulos, ou melhor desnecessário, já que  se tinha o básico para a sobrevivência...isso na cabeça deles...meu pai era grosseirão, só me fazia passar vergonha...minha mãe também...tinha até vergonha de receber meus amiguinhos em casa, pois já desde muito nova já percebia a anormalidade de comportamento em minha casa. Eu via outras realidades, era pequena, mas já percebia as diferenças. A maneira como os pais dos meus amiguinhos tratavam eles, deixava bem claro que faltava muita coisa, e eu ficava envergonhada por isso. As vezes eu mentia, fantasiava que meu pai era um grande pai e que era uma pessoa influente e que minha mãe era meiga, uma mulher vaidosa...só para suprir a minha carência e muito dos meus amigos sabiam que eu estava mentindo, mas havia algo mágico nisso tudo...mesmo eles sabendo de alguma forma compartilhavam comigo a minha dor...só fazendo de conta de acreditavam, afinal seria muito cansativo para eles ficar debatendo comigo o tempo todo, então eu mentia e eles fingiam que acreditavam...graças a Deus...pois foi uma forma de eu sobreviver a um ambiente tão hostil.
As vezes me sobrevem alguns lembranças como quando íamos no supermercado e sempre era um estresse pois, meu pai fazia o maior escândalo, era o momento que ele mais hostilizava a minha mãe...fala alto, discutia na fila do caixa, reclamava dos preços, nossa que horror...e eu naquele meio e ninguém me perguntava se eu queria passar por aquilo, entendo que esse é um dos maiores abusos que uma criança pode viver quando se tem pais insanos, pois ele não paravam  para pensar de como vamos nos sentir nesses momentos, é como se eu não existisse apenas a insanidade deles. Minha mãe era uma passiva, uma burra mesmo...tão burra que deixava aquele coisa nojenta fazer com ela tudo isso e muito mais. É tão profundo que até hoje tenho repúdio a essas questões, e é aonde vejo que preciso ter paciência comigo e saber que feridas profundas levam um bom tempo para serem recuperadas...graças a Deus pela recuperação...hoje ao menor sinal de estresse faço uma retirada da situação e procuro um movimento confortável para meus sentimentos, mesmo que seja esperar o momento mais adequado para fazer o que pretendo e o melhor, sem estresse...graças a Deus.
 O meu relacionamento com Remo se mantém, até mesmo por conta de saber hoje assumir responsabilidades com meus próprios sentimentos e saber também o que é concernente ao nosso relacionamento e o que faz parte de feridas do passado. E isso me trouxe equilíbrio no sentido de não lançar para ele o que não o pertence e podermos alimentar o melhor em nossa relação. De alguma forma ele percebe o movimento de quando é preciso refletir o passado no presente precisa está em recuperação para não cobrar indevidamente de quem não tem nada a ver com o problema. Remo eu amo você!

sábado, 23 de abril de 2011

Capítulo VIII/O QUE EU, JULY, ESPERO DE UM HOMEM?




Para chegar a uma resposta a essa pergunta, tive que ficar vários dias refletindo. Pensei e refleti na : minha família, na minha criação, na forma como meus pais se relacionavam e se relacionam, nos tempos passados e os valores na sociedade naquela época e na época atual. Nossa fiz uma viagem só praticando a observação. Refleti, também, nos relacionamentos dos meus amigos, vizinhos...nossa... tinha muito material a ser refletido. Mas valeu... consegui algo extraordinário, que me fez ver o que realmente quero, desejo e espero de um relacionamento. Ah! Também tem um detalhe importantíssimo: esse assunto foi foco de várias sessões analíticas. Acho que minha analista deve ter iniciado alguma tese por conta disso... rsrsrs...pois foi assunto que não acabava mais... rsrsrsrsrs...
Primeiro quero expor a minha observação e analise com relação aos homens atuais. Quero selecionar um determinado grupo de homens aos quais são: inteligentes, gentis, amigos, companheiros, sabem como seduzir uma mulher. Enfim, aquele tipo  de homem que é um perfeito amante...discreto, respeitoso, família... com valores que muitos, tanto homens quanto mulheres se deixaram perder por conta de uma  liberdade desenfreada. Só que todo um movimento de liberação fez com que um certo grupo de mulheres desejasse resgatar urgentemente, esse tipo de homem que é importantíssimo na vida de uma “mulher moderna”, eu que o diga! Nós mulheres moderna desejamos e buscamos  relacionarmos com homens desse perfil.
A necessidade de mudança é uma realidade tanto da mulher quanto do homem em nossa sociedade. Depois de décadas tentando aplicar qualquer coisa nos relacionamentos e a procura do prazer sem compromisso, estamos nos tornando reféns dos nossos próprios egos vaidosos e também estamos adoecendo por conta disso. Todos estão cansados disso, e a mulher que hoje faz a diferença está sendo aquela que entende que certos padrões femininos precisam manter-se ativos.
Quando me vi diante disso tudo, fiquei confortável, pois entendi o quanto tinha modificado o meu comportamento e também me tornado mais exigente e compromissada comigo mesma no que se diz respeito a minha recuperação. E conforme eu ia analisando todos esses fatores eu ia me fortalecendo cada vez mais, me vendo dentro de um universo saudável e dinâmico, livre das garras da doença emocional...só por hoje!
A mulher inteligente sabe que: encontrar e manter um amor duradouro requer um grande investimento! E o principal  investimento é si própria, está baseado em obter autonomia emocional, estar de bem com a vida, feliz, bem humorada e acompanhando , sempre as mudanças de fase no relacionamento com humildade e simplicidade.
Eu, July, quero um homem que seja gentil, amigo, companheiro e que contribua com o meu crescimento emocional. Remo tem evoluído muito nesse aspecto, as vezes nos pegamos repetindo alguns comportamento nocivos, mas logo que identificamos, retomamos imediatamente a nossa sobriedade...

Capítulo VII/O QUE REALMENTE DESEJO DE UM RELACIONAMENTO?

Embora eu sempre esteja pensando sobre o que ainda me impede de ser uma mulher mais realizada...uma coisa não posso negar: estou no melhor momento de minha vida, ou seja, da minha recuperação. Estou em paz, serena e reflexiva. Aplicando a observação em todas as áreas e isso tem me ajudado a encontrar novos caminhos e a enxergar novas realidades.
Estive conversando com algumas amigas e pude constatar que boa parte delas estão num tremendo emaranhado emocional por conta de seus relacionamentos afetivos. Mas na verdade, eu consegui identificar algumas coisas, só que eu não podia falar para elas, pelo menos naquele momento. Talvez elas não fossem entender logo de cara e isso iria me trazer um certo desgaste emocional. Afinal nesse meu grupo de amiga só eu faço analise, e as vezes fica difícil partilhar com elas certas coisas. Eu tenho as vezes que ficar calada e aguardar o momento certo para expor as minhas opiniões. E mesmo assim pode ocorrer não ter esse momento certo e deixo pra lá...afinal cada um tem a sua trajetória de vida, seu destino e não posso fazer pelo outro aquilo que só ele pode fazer! É nesse clima aí que to me referindo mesmo...tem coisas que elas não conseguem alcançar e aí fica difícil. Sabe de uma coisa? Tem muita gente sofrendo por falta de praticar a inteligência emocional...sabe por que? Dá trabalho mesmo...tem que investir na felicidade...tem que ter um compromisso sério com o crescimento e a felicidade. Mas não.....querem conseguir da maneira mais fácil...ou seja: deixando a sua própria felicidade na mão do outro(namorado(a), família,sociedade...) aí o bagulho fica doido!!! rsrsrsrsrs...
Mas o que na realidade me incomodou foi a falta de visão com relação as mudanças. As coisas mudaram, as pessoas mudaram e boa parte das pessoas não conseguiram avançar, evoluir.
E isso me pois a pensar: O que na verdade uma mulher espera de um homem? Só que essa pergunta ainda não estava completa. O que uma mulher moderna espera de um homem?
Fiz essas perguntas primeiro para mim. O que eu, July, espero de um homem? O que na verdade eu desejo e penso de um relacionamento?
Primeiro tive que refletir no que significa uma mulher moderna e como tudo na vida nada acontece por acaso, eu estava assistindo a TV quando vi uma reportagem de um escritor famoso falando do perfil da mulher moderna. Anotei as partes que mais me chamou a atenção:
“ A mulher moderna é aquela que não perde tempo com futilidades, é aquela que trabalha porque acha que o trabalho engrandece...que é independente sentimentalmente dos outros(tem a sua autonomia emocional), que é corajosa, companheira, confidente, amante...
é aquela que as vezes tem uma crise súbita de ciúmes, mas que não tem vergonha nenhuma em admitir que está errada e corre pros braços do amado...é aquela que consegue ao mesmo tempo ser forte e meiga, desarrumada e linda... enfim, a mulher moderna é aquela que não tem medo de nada e nem ninguém, olha a vida de frente, fala o que  pensa e o que sente, doa a quem doer... e detalhe: com gentileza.”

Ao assistir essa entrevista, e com a fala bem assertiva do escritor, me veio à abertura de uma realidade que eu ainda não tinha tomado consciência. Eu sou uma mulher moderna!
Pois o que ficou bem em evidência foi a questão da minha autonomia emocional, ou seja, eu tenho vencido a dependência emocional um dia de cada vez e isso faz toda a diferença para o antes e o agora! Consigo hoje viver um relacionamento onde não preciso ficar em agonia e medo, ou até mesmo me desgastar, a ponto de afetar todas as áreas de minha vida.
Consigo hoje ter uma boa comunicação, aplicar a gentileza e me relacionar com tranqüilidade.
Remo, meu namorado, consegue ver com clareza todo um processo de transformação, afinal ele também mudou, se tornou um homem melhor, seu caráter está se transformando a cada dia e podemos nos relacionar com serenidade e amor.
É importante ressaltar que há muito a ser feito, estamos num processo de evolução e amadurecimento no relacionamento. Mas aquela parte desesperadora e destrutiva passou! Graças a Deus!

domingo, 20 de março de 2011

Capítulo VI/Fortalecendo o que há de melhor em mim!

Sempre tive que conviver com pensamentos e sentimentos que me deixavam confusa e com muita ansiedade, que me deixavam sem energia e forças para fazer boas escolhas. Agora sei o quanto foi difícil para mim. Desde a infância convivendo com pessoas difíceis e complicadas, onde só valorizavam o que era ruim...e no meu processo analítico descobri que os meus conflitos internos estavam justamente na dificuldade de manter os bons sentimentos e os bons pensamentos ativos.
A minha estrada da vida...somente eu posso dar conta dela...foi o que eu ouvi da minha analista... é...a escolha estava em minhas mãos...é de minha responsabilidade...como vou fazer? Não sei! Só vivendo... tendo boa vontade e compromisso comigo mesma!
Iniciou-se a partir daí uma nova caminhada. Comecei a observar os meus pensamentos e me permitindo a perceber como eles se processavam. O processo sempre se dá quando estou só. Era um dia de sábado e todos tinham saído e fiquei sozinha naquela noite...na verdade já tinha tido inumeros momentos como esses, mas esse foi bem diferente... Comecei a pensar em meu relacionamento com Remo...pessoa difícil de se dar...fechado...para extrair alguma coisa dele, é como um parto...depois de eu ter pensado em inúmeras possibilidades(ruins)...aí é que consigo, pelo menos saber o que se passa, mas apenas em partes...um pouco aqui...um pouco alí..e assim estamos nos relacionando até o presente momento...só que isso é e sempre foi  muito desgastante para mim. Então, comecei a perceber que os meus sentimentos e pensamentos sempre vinham abarrotados de coisas negativas e ficava me remoendo e me torturando...até me sentir muito irritada e até querendo terminar o meu relacionamento com ele, a falta de tolerância era algo muito presente. Aí eu me perguntei: Porquê que sempre eu tenho que pensar o pior? Porquê sempre diante de situações desafiantes penso em acabar com tudo e me ver livre da situação? O que está faltando para ter um relacionamento saudável e prazeroso? Porquê não sei me relacionar amando simplesmente e aceitando o outro como é?
A partir dessas perguntas, me veio a lembrança de minha infância...como já disse anteriormente, meus pais sempre foram pessoas difíceis e a dinâmica em minha família sempre foi dar ênfase as coisas negativas e só se pensava no pior. Então tudo isso é muito familiar para mim...viver sobre o aspecto da dúvida, medo, ansiedade e expectativas ruins era algo natural...e isso me tirava o foco do que era bom... Mas essa descoberta está sendo libertadora para mim...
Eu cresci ouvindo a minha mãe dizer que não suportava mais o meu pai...e isso ocorre até hoje...mesmo depois de tantas anos, minha mãe ainda pensa em deixar o meu pai...mas nem ela sabe o porquê que não consegue...aí é que tá...só ela poderá rever essa questão...não posso muda-la...mas posso me mudar e melhorar e muito a minha vida e o meu relacionamento.
Enquanto eu estava só, naquela noite, tive a oportunidade de perceber o quanto, ainda, me deixava levar por sentimentos e pensamentos negativos e o quanto isso atrapalhava o meu sono e as atividades que queria fazer, como por exemplo: até vê uma televisão ou ouvir uma música ficava difícil para mim. Aí me dei conta o quanto esse padrão de pensamentos e sentimentos me atrapalhavam a viver e de me sentir em paz. O barulho interno era muito grande e em alguns momentos me dava vontade de telefonar para o Remo brigar e terminar a relação...que doideira...o cara  estava em casa...provavelmente dormindo ou fazendo uma outra coisa e eu pensando e sentindo coisas terríveis...é a compulsão em ação...como diz a minha analísta...a obsessão era tanta que me atrapalhava em tudo...tudo mesmo. Mas com tudo isso estou aprendendo um dia de cada vez...a aplicar e a escolher os melhores pensamentos e sentimentos...isso dá trabalho...é como o treino de um atleta que deseja ter boa forma e ter a vitória...assim sou eu em minha caminha...em minha estrada da vida... Consigo hoje me sentir melhor em relação a isso...embora tendo algumas recaídas...mas passa logo...é por pouco tempo...e com isso consigo me manter no meu relacionamento com Remo e estamos aprendendo juntos.Cada um do seu jeito!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Capítulo V/Desvendando o Passado






Tem situações do passado que eu pensava que já estavam resolvidas. Mas para minha surpresa fui trazendo as lembranças do passado à consciência, de várias maneiras: em sonhos, sentindo sensações...enfim os meus sentidos estavam abertos e trabalhando de forma profunda nessas lembranças.
Comecei a me lembrar como tinha sido o meu primeiro contato com os meus desejos afetivo-sexual. Eu ainda estava iniciando a puberdade, estava na época com onze anos. O mundo era uma infinita e abundante descoberta...e me interessei por um garoto que morava no mesmo edifício que o meu. Já o tinha visto várias vezes, mas aquele dia foi diferente. Fui numa festinha no play, tipo “festa americana”, cada um levava uma coisa para comer e beber. Eu era muito tímida, encabulada, meia matutinha...rsrsrs...ficava quietinha no meu canto...para dar um Oi! ou Olá!...era um parto...engraçado isso né? Mas era assim que eu era, uma menina de difícil acesso.
Hoje eu sei que isso era vergonha...tinha vergonha que as pessoas soubessem como era a minha vida e que tipo de pais eu tinha. Na minha casa eu não recebia nenhuma amiguinha, pois tinha medo do meu pai fazer aquelas ignorâncias e depois todo mundo ficar sabendo. Eu me escondia do mundo, eu me escondia das pessoas...
O nome do garoto era Rodrigo...ele ficava de longe olhando para mim...e eu também de longe olhando para ele...a nossa comunicação era só no olhar...mas como todas as festinhas de adolescentes, aconteceu um daqueles momentos que sempre tem um mais engraçadinho que inventava uma brincadeirinha para animar a festa. “Vamos brincar de “Salada Mista”? A aceitação foi geral...era uma forma que todos encontraram para beijar na boca, pois só dava “Salada Mista”...rsrsrsrs..
Foi num desses momentos que sobrou eu e o Rodrigo...foi um pega pra capá...eu com vergonha dele e ele de mim...o pessoal começou a nos empurrar um para o outro...um empurrava de um lado e outro do outro...até que ambos cederam e deu “Salada Mista”...mas que salada maravilhosa...quando eu me aproximei dele e nos beijamos na boca...foi uma libertação...um prêmio...que legal!
É isso...agora entendo as infinitas maneiras que a minha energia segue em direção aos meus objetivos e metas...é desse jeito...é um processo que envolve medo, insegurança, vergonha...pois ainda me vejo tendo essas emoções muito presente em diversas situações, mas agora fica mais claro do que nunca, que é parte de minha estrutura emocional e que posso vence-las entendendo definitivamente, que hoje sou adulta e que vivo uma outra realidade...graças a Deus!
Consigo agora entender todo um processo que vivi no início do meu relacionamento com o Remo e os outros relacionamentos que tive.
Quando conheci o Leandro, um rapaz que namorei e que na verdade foi algo muito bom...ele parecia um índio...muito bonito, uma pessoa maravilhosa...tínhamos as mesmas dificuldades...éramos tímidos...ele para se apresentar precisou da ajuda de um amigo...era uma época em que se fazia muitos passeios com a turma, imagine, eu conseguia me manter em uma turma de amigos mesmo com tantas dificuldades de me expressar...eu pouco falava...não tinha “papo”, era muito sem graça...mas é aquilo os semelhantes se atraem, e eu e o Leandro éramos semelhantes. Foi com ele que dei os primeiros amassos...rsrsrsrs...a gente se beijava tanto que ficávamos com a boca dolorida...mas quando foi feita outras tentativas para explorar outras áreas do corpo, eu fiquei tão horrorizada que depois do ocorrido eu fugia dele...nossa...parecia que eu estava fugindo do “lobo mal”...e com isso, mesmo de uma forma mais sutil, ainda me vejo fugindo da intimidade nos relacionamentos em geral, hoje ta bem melhor...mas ainda tenho essa tendência e sabota a intimidade...arrumando uma série de desculpas e até mesmo, responsabilizando o outro pela falta de tempo...
Descobri algo fantástico:posso me entregar em um relacionamento de forma saudável e amadurecida, sem medo, sem vergonha de me mostrar como sou. Ainda tenho uma longa caminhada de descobertas internas, mas os primeiros passos já estão sendo dados!

domingo, 29 de agosto de 2010

Capítulo IV / Uma Nova Realidade Surgindo



Sai da analise pensativa. Falar de meus pais me desgastou muito... não imaginava o quanto era difícil tocar em certos assuntos. Na verdade fazer um paralelo do passado com o presente me fez pensar. E agora? O que eu vou fazer de minha vida? Pensei em jogar tudo para o alto, trabalho, família e namorado, principalmente ele. O que está mais difícil de aceitar é o fato de que  o Remo é um dos maiores problemas que tenho nesse momento! Nossa! Porque simplesmente não me livro dele?  Só pode ser o fato de ter sentimentos por ele, só pode ser...que saco...é uma droga mesmo...tá tudo ruim, mas não consigo me livrar desse relacionamento!
Quando relatei a história dos meus pais, me assustei um pouco quando percebi o quanto me pareço com a minha mãe.Embora eu seja diferente dela em alguns aspectos, mas na questão do relacionamento afetivo-sexual sou igual a ela! Tenho a mesma passividade! Que horror!
Adoro a minha mãe, aprendi e ainda continuo aprendendo muito com ela. Meiga, está sempre pronta a ajudar e abrir mão de seu tempo para satisfazer a todos. Até o presente momento não imaginava que determinados comportamentos fossem tão nocivos assim. Mas quando refletir, na analise, o quanto ela negou a sua própria vida, aí a ficha caiu! Até aí eu jamais poderia imaginar que fosse ruim....ela simplesmente não sabe disso...mas eu sei,o que faço com toda essa descoberta?
Meu pai! Esse sim é complicado falar! Me lembro das vezes em que chorava escondido por conta de suas grosserias e arrogância. Não importava quem estivesse perto, eu passava a maior vergonha. Ele sempre foi ignorante  e  ficava com medo dele  me bater... pois ele não tinha hora e nem lugar. Quando eu não fazia o que ele queria simplesmente me humilhava na frente de qualquer um.
Teve uma vez que eu estava n a frente de casa conversando com uma amiga da escola e mais um rapaz colega dela, eu estava paquerando ele. Acho que eu estava com uns quatorze anos. Eu pensava que ele, meu pai, estivesse dormindo  naquele momento. Que nada! O coroa tava lá...na janela...só expiando! Aí to eu lá em altas conversas, conhecendo o rapaz e já pensando em marcar um encontro...derrepente ouço aquele berro aterrorizante: July, sua largada! Entra! Ta de safadeza aí? Entra e manda esses dois aí, embora!
Quando eu me lembro disso, ainda hoje, me dar um frio na barriga e minhas pernas ficam bambas...que vergonha que passei. O rapaz deu no pé, não consegui mais falar com ele. Ele simplesmente fugia de mim!
Foi muito ruim passar por isso. Claro que foram inúmeras coisas que meu pai me fez passar, foram muitas vergonhas e abusos. Mas no momento me lembrei desse episódio...
Tá uma mistura de sentimentos.Ódio, raiva, medo...carinho, respeito...não sei o que sentir... acredito que seja o efeito da analise...estou arrumando as minhas gavetas internas...tem muita coisa para colocar em ordem., muitas coisas para serem limpas e outras jogadas foras. Sei que será uma caminhada de novas descobertas e que me levará a uma nova realidade! Eu vou conseguir! Eu quero ser uma pessoa realizada!
Eu vou conseguir!